Catecismo Romano: "Subiu aos céus e está sentado a direita de Deus Pai Toto-Poderoso" (Parte III)

Pela doutrina do Apóstolo, também subiu aos céus "para apresentar-se agora ante a face de Deus em favor nosso" (Hebr 9, 24), e exercer perante ao Pai o ofício de advogado. "Filhinhos meus, diz São João, escrevo-vos isto, para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar; por advogado junto ao Pai temos a Jesus Cristo, o justo. Ele próprio é propiciação dos nossos pecados" (I João 2, 1ss).

Nada pode inspirar aos fiéis mais alegria e felicidade, do que verem a Jesus Cristo feito patrono de nossa causa, e intercessor pela nossa salvação. Ele que goza junto do Eterno Pai de suma valia e autoridade.

Afinal, preparou-nos um lugar, conforme o havia prometido. Foi em nome de todos nós que Jesus Cristo, como nosso chefe, entrou na glória celeste.

Com sua ida para o céu, abriu as portas que se tinham fechado, em conseqüência do pecado de Adão. Franqueou-nos um caminho para chegarmos à celestial bem-aventurança, conforme predissera aos discípulos na última Ceia. Para confirmar sua promessa com a realidade dos fatos, levou consigo, para a mansão da eterna bem-aventurança, as almas dos justos que tinha arrancado dos infernos.

Esta admirável abundância e dons celeste vem acompanhada de valiosa série de frutos e vantagens.

Primeiramente o mérito de nossa fé cresce até o último grau; porquanto a fé se refere as coisas inacessíveis à nossa vista, e que não ficam ao alcance de nossa razão e inteligência. Portanto, se o Senhor se apartara de nós, diminuir-se-ia o mérito de nossa fé; pois Cristo Nosso Senhor exalta como bem-aventurados "os que não viram, mas creram" (João 20, 29).

Ademais, a subida de Cristo aos céus tem a grande força de confirmar a esperança que se aninha em nossos corações. Crendo que Cristo subiu aos céus, em quanto Homem, e colocou a natureza humana à direita de Deus Pai, grande é a nossa esperança de que também para lá haveremos de subir, como membros seus e de unir-nos com nossa Cabeça (Efes 4, 15 / Col 1, 18). Foi o que o Senhor asseverou pessoalmente: Pai, quero que, onde eu estou, estejam também aqueles que tu me destes" (Jo 17, 24).

Além disso o maior benefício que auferimos foi o de Cristo arrebatar consigo para o céu nosso amor, e de abrasá-lo no Espírito Santo de Deus. Com grande verdade se disse: "Nosso coração está onde estiver nosso tesouro" (Mat 6, 21).

Realmente, permanecesse Jesus Cristo na terra, todas as nossas considerações se concentrariam em seu porte e trato humano. Nele veríamos um homem, que nos cumulou de assinalados benefícios, e por ele teríamos certa afeição natural e terrena.

No entanto, pelo fato de ter subido aos céus, ele espiritualizou nosso amor; fez-nos amar e venerar, como Deus, Aquele que sabemos estar agora ausente.

Nós o verificamos em parte pelo exemplo dos Apóstolos. Enquanto o Senhor estava presente no meio deles, parecia que o consideravam por um prisma quase humano. De outro lado, o próprio Senhor nos afirma com sua palavra: "para vós é bom que eu vá"(Jo 16, 7). Aquele amor imperfeito com que eles amavam Jesus Cristo presente devia ser aperfeiçoado pelo amor divino, e por sinal a vinda do Espírito Santo. Razão porque logo acrescentou: "Se eu não me ausentar, não virá para vós o Consolador" (Jo 16, 7).

Acresce que, assim, Nosso Senhor dilatou sua casa na terra, que é a Igreja, cujo o governo devia ser dirigido pela virtude e assistência do Espírito Santo. Como pastor e chefe supremo de toda a Igreja deixou entre os homens a Pedro, príncipe dos Apóstolos.

Além disso, "a uns constituiu apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e mestres"(Efes 4, 11 / 1Cor 12, 28ss). E, sentado à direita do Pai, não cessa de distribuir, a uns e a outros, os dons que lhes convém a eles como diz o Apóstolo: "A cada um de nós foi dado a graça, segundo a medida com que Cristo a distribuiu"(Efes 4, 7).

Ao fato da Ascensão deve os fiéis aplicar por último os mesmos princípios que expusemos, anteriormente, a propósito dos mistérios da Morte e Ressurreição.

Nossa perfeita salvação, nós a devemos aos sofrimentos de Cristo; e seus méritos plantearam aos justos a entrada para os céus.

Isto não obstante, a Ascensão de Cristo apresenta-se-nos como um modelo, que nos ensina a olhar para o alto, e transportar-nos ao céu em espírito. Dá-nos, entretanto, uma força divina que nos pões em condições de fazê-lo.

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

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